terça-feira, 13 de dezembro de 2011

RECOMEÇAR



Nunca quis apagar tudo e recomeçar toda a sua vida novamente?


[Dexter, 9º episódio/ 6ª temporada]

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

SOBRE A FÉ




Tu não desceste da cruz quando gritavam, zombando de ti "Desce e acreditaremos que és Filho de Deus". Não desceste porque não querias escravizar o homem pelo milagre e só desejavas uma fé espontânea. Querias um amor que fosse livre e não os transportes servis de um escravo aterrorizado. Tinhas um conceito demasiadamente elevado dos homens, pois todos eles são escravos. Olha e julga por Ti mesmo, depois de volvidos quinze séculos, quem elevaste ao teu nível.


[O grande Inquisidor, capítulo do livro Os Irmãos Karamazov, de Dostoiévski]

DA VIDA (ACIMA DE TUDO)



Se eu não acreditasse mais na vida, se duvidasse do amor, se me desiludisse da ordem das coisas e, pelo contrário, me convencesse de que tudo não passa de um maldito caos, mesmo se caíssem sobre mim todos os horrores da desilusão humana - apesar de tudo, eu quereria viver.


[Irmãos Karamazov, de Dostoiévski]

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

PARCERIAS





Algumas vezes os parceiros nos encontram. E mesmo tentando afastá-los entram em nossas vidas despretensiosamente. Até que finalmente percebemos o quanto precisamos deles.

[Dexter, 7º episódio/ 5ª Temporada]

SOBRE A DOR



Ninguém escapa da própria dor
Ela está lá ao escovar os dentes à noite
Está lá antes do café da manhã
Ela surge afiada e impiedosa
Deixa você triste e pensativo
Só lhe resta torcer para ter um bom dia
Porque é num dia bom que você diz a si mesmo:
"Posso dar um jeito nisso"
"Hoje pode ser diferente"
"Hoje alguma coisa pode mudar"


[Trecho do filme Tenderness, com Russel Crowe]

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

TUDO PASSA?


Tudo passa. Se existisse um óscar de clichês, certamente “tudo passa” estaria entre os indicados. Em todas as línguas, todas as culturas, ninguém duvida que tudo passe. Tout passe, na França. Na Itália, tutto passa. De país em país, de mãe pra filho, de irmão pra irmão, tudo passa é uma verdade inquestionável. Mas será mesmo que tudo passa?

Eu diria que não. Contrariando gerações inteiras, eu diria: Não. Nada passa. Tudo fica. Fica e se transforma. As dores, as mágoas, o ódio, o amor, a alegria, as perdas, as chegadas, as partidas. Tudo permanece. Os sentimentos, as impressões e as experiências afetivas, uma vez que tenham invadido espaço, ficam no exato lugar em que originalmente estavam. Ficam, mas não são estáticos. Tímidos que são, aguardam – ilhados – o momento da metamorfose e da grande mudança.

Até que um dia tudo se transforma. O tombo de bicicleta passa a ser uma lição. A dor da perda passa a ser uma saudade. O amor passa a ser só afeto. E o ciclo se encerra. Mas os sentimentos permanecem: não passam, nunca passaram e nunca vão passar. É um engano esperar que isso aconteça. É uma ingenuidade aguardar que o nosso imenso potencial afetivo desperdice o tudo, deixando-o passar, assim, impune, sem aprisioná-lo.

Não alimentem essa ilusão.

Nada passa.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

MODERNA SOLIDÃO





É como uma sala vazia, só que não tem paredes. É como sentir falta de vozes que nunca emitiram sons [só letras]. É a ausência de risadas que não são ouvidas, mas vistas, imaginadas e personificadas através do olhar. É o abandono dos cinco sentidos. É o meu abandono, aqui, nesse ambiente virtual. Eu e as fotografias de sorrisos estagnados no tempo, me olhando como se dissessem: "Teclar é em vão. Você está só".

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

ORAÇÃO




Meu Senhor,

O Senhor sabe que não procurei por Deus nas escrituras como Santo Agostinho.
Nem o encontrei no caminho para Damasco, como São Paulo.
Um dia gritei seu nome como qualquer pecador devastado pela dor.
Ele me pediu pra lutar por ele e amar os outros como a mim mesmo.
Desde então, em cada continente, em todas as latitudes, eu lutei. 
Lutei e lutei. Mas agora não sei mais pra quem estou lutando.
Não sei mais como amar.
Deve me ajudar, meu Senhor.


[Pacto de Silêncio, com Gérard Depardieu]


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

OS SONHOS DE SOFIA

Ficheiro:Pierre-Cécile Puvis de Chavannes 003.jpg




- Pra que servem os sonhos?
- Sonhos são manifestações do inconsciente.
- Então quando eu sonho eu torno consciente o inconsciente?
- Ergh, não é bem assim. Continua no inconsciente.
- Mesmo quando eu lembro do sonho?
- Mesmo assim.
- Então pra que servem os sonhos?
- Pra assimilar traumas, resolver culpas, essas coisas.
- E se nada disso acontece, então eu não tive um sonho?
- Hmmm. Não, não teve.
- E o que eu tive?
- Um pesadelo.

domingo, 7 de agosto de 2011

MUDANÇA INTERIOR




Dava-se nele um fenômeno inteiramente novo, sem precedentes. Não que compreendesse, mas sentia claramente, com toda a intensidade de sua sensibilidade, que não mais podia ter expansões sentimentais como há de pouco, nem de qualquer outra espécie. Nunca, até nesse momento, experimentara sensação tão cruel.


[Dostoiévski, em Crime e Castigo]

INSTINTO DE SOCIABILIDADE




[...] Mas agora, subitamente, sentia a necessidade de conviver. Parecia operar-se nele uma revolução; o instinto de sociabilidade readquirira os seus direitos. Votado todo um mês aos sonhos doentios que a solidão produz, ele estava tão fatigado de seu isolamento, que precisava avistar-se, ainda que fosse só por alguns momentos, com alguém.


[Dostoiévski, em Crime e Castigo]


segunda-feira, 11 de julho de 2011

SOBRE A PERDA DA ESPERANÇA


O coração morre lentamente
Perdendo as esperanças como as folhas
Até que, um dia, não resta nenhuma esperança
Não resta nada.


[Trecho do filme Memórias de uma Gueixa, adaptação do best-seller Memoirs of a Gueisha de Arthur Golden]

SOBRE O VAZIO




Quantos dias eu perdi?
Como posso voltar ao ponto em que comecei?
Estou fora de casa, tentando entrar.
Mas, está trancada e as venezianas estão fechadas.
Eu perdi minha chave.
Não consigo me lembrar de como são os quartos 
Ou onde guardei minhas coisas.
E se eu conseguir entrar...
...Será que um dia conseguirei sair?


[Trecho do filme A Prova, adaptação do texto de David Auburn]

segunda-feira, 27 de junho de 2011

SOBRE A PLENITUDE DA VIDA

- Sêneca dizia: A vida é longa, se é plena.
- Não se engane Sofia. A vida sem plenitude pode ser muito longa também. Longa demais...

terça-feira, 21 de junho de 2011

SOFIA DESCOBRINDO A VIDA

- Mãe, sabe o que é mais incrível? O esmalte fosco, quando envelhece na unha, começa a criar brilho.
- Na vida é diferente. A gente vai ficando fosco com o passar do tempo.

domingo, 8 de maio de 2011

SOBRE O MEDIANO




- Rita, você tem um sonho? Para a sua vida? Seu futuro?
- Claro. Você não tem?
- Pode parecer estranho. Quero um dia estar satisfeito com as coisas. Apenas me sentir confortável como todo mundo. Eu quero..
- Uma vida normal.
- É. Uma vida normal.
- Isso é também tudo que eu quero Dexter. Só isso.
- Nada de fama, fortuna ou agito em cada esquina?
- Não. Prefiro a chatice normal.
- O mediano.
- O ordinário.
- Isso é estranho, hein?
- É.


[Dexter. 1ª temporada/5º episódio]

sexta-feira, 15 de abril de 2011

ADMIRAÇÃO


Falavam de sentimentos. Questionada sobre o mais relevante, respondeu de imediato: admiração. A razão lhe parecia clara. Não tinha nada contra o amor. Ao contrário, entendia o amor como uma admiração amadurecida. A idéia não lhe era inédita. Jung e Freud não haviam dito isso em outros termos? A admiração não era então o primeiro sentimento a despertar na alma humana? Admiração, a precursora do amor. Como sabia? Questionavam. Ora, quantos questionamentos! Sabia, porque sabia. Não ousava confessar que já havia experimentado a admiração em sua forma mais pura. E como era doce! Lembrava de cada detalhe, de cada sensação, da magia da descoberta. Mas havia acabado, pensava. Entretanto, persistia o amor, sentimento independente, de relevância questionável, mas de vitalidade inabalável! Como sabia? Questionou a si mesma. Conhecimento, pensou, baseado puramente em experiências. Quem ousaria contesta-la?

domingo, 3 de abril de 2011

SOBRE O SOFRIMENTO


- O sofrimento é um hábito, Sofia.  Se uma pessoa caminha sempre pelo mesmo trilho,  a grama não cresce! É preciso encontrar um caminho alternativo.
- É. Mas se a grama tiver morta, ela não vai crescer nem que você pare de passar!
- É simples: planta-se novamente. É a grande sacada da vida.
- Mas se a terra não for boa, não vai adiantar plantar.
- Sofia, onde cresceu a grama uma vez, sempre é possível que cresça de novo.
- Faz sentido.. mas são apenas probabilidades.
- Isso. E probabilidade é um tema para outra conversa...

segunda-feira, 28 de março de 2011

EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE


- Desde que o mundo é mundo, a dor é o único instrumento de evolução e crescimento.
- Mas, pai, tinha um menino no Paquistão que nunca sentia dor. Então quer dizer que ele ia ser criança para sempre?
- Não Sofia. Eu falo da dor em seu aspecto subjetivo. E, depois, o que esse menino tinha era uma doença rara que só se manifesta quando a pessoa herda dois genes defeituosos: um do pai e um da mãe.
- Ah, entendi. Os pais do menino não queriam que ele crescesse.
- Não filha, não! Isso de passar os genes é involuntário.
- Involuntário significa que os pais queriam que ele sentisse dor?
- Não Sofia, não! Nenhum pai quer que o filho sinta dor!
- Mas eu aprendi na escola que, em Esparta, os pais espacavam seus filhos pra que eles se tornassem mais fortes. Isso é involuntário?
- Não filha, isso é o contrário de involuntário. De qualquer forma, era outra época!
- Hmm. Hoje então os pais preferem que os filhos não cresçam?
- Não! Os pais querem que os filhos evoluam, mas não querem que eles sintam dor!
- Mas a dor não era o único instrumento de crescimento?

quarta-feira, 23 de março de 2011

SEMMERING




Entre Áustria e Itália, há uma região dos Alpes chamada Semmering.
É uma área muito alta, na montanha, e muito íngreme.
Eles construíram um trilho de trem ligando Viena a Veneza.
Eles construíram o trilho antes de existir um trem para percorrê-lo.
Eles construíram porque sabiam que um dia o trem viria.


[Do filme Sob o Sol de Toscana, de Audrey Wells]

DEDO



'Quando o dedo aponta o céu, o imbecil olha o dedo'

 [O Fabuloso Destino de Amelie Poulain]

ATOS QUE DESAFIAM A MORTE



Quando eu era bem pequena eu tinha um dom. Eu via coisas que outras pessoas não viam. Era como olhar em águas profundas e ver coisas do outro lado. Quando eu cresci o dom se foi, como minha mãe havia previsto. E eu vi o mundo como realmente era, com todas as suas doces mentiras e artimanhas.

[Trecho do filme Atos Que Desafiam a Morte, sobre a vida do ilusionista Harry Houdini)

AMPULHETA DO TEMPO




- E se alguém lhe dissesse que essa vida da forma como você a vive e viveu no passado, você teria que vivê-la de novo, porém inúmeras vezes mais. Não haverá nada de novo nela. Cada dor, cada alegria, cada coisa minúscula ou grandiosa retornaria pra você, a mesma sucessão, a mesma sequência, várias vezes, como uma ampulheta do tempo. Imagine o infinito. Considere a possibilidade de que cada ato que escolher, escolherá para sempre. Então toda a vida não vivida permanecerá dentro de você. Não vivida por toda a eternidade.
- Gosta desta idéia?
- Eu detesto.

[Trecho do filme Quando Nietsche Chorou, adaptação do livro de Irvin D.Yalom]

segunda-feira, 21 de março de 2011

O MAL DO SÉCULO


Ah, a insatisfação típica do homem. Nunca está perfeito e por que será? É a tendência inexorável do ser humano, negativar tudo que a vida oferece de positivo. O impulso natural de querer sempre mais e melhor, uma das grandes qualidades humanas, se converte em um descontentamento generalizado. E tudo isso, em grande escala, gera a epidemia da infelicidade.
Ninguém escapa. O contágio se dá pelo ar e não poderia ser diferente, estamos falando de energia, essa força incontrolável que se propaga através das nossas palavras, ações e pensamentos desde a hora que acordamos, até a hora do tão esperado sono. Não raro, ao longo do dia, os obstáculos ganham volume e as insatisfações conquistam o papel principal nessa peça chamada vida. 
Mas, nem tudo está perdido. Há quem consiga canalizar a energia e se tornar imune ao vírus. Os jedis então ganham aliados fortíssimos que nem mesmo os sith são capazes de arrastar pro lado sombrio da força. E, pasmem, essas raras pessoas são facilmente identificáveis no cotidiano: elas elogiam muito, não julgam a vida alheia e ressaltam o lado positivo de todas as experiências, isso sem qualquer sinal de arrogância ou pretensão. Descobriram a cura da doença? Parece que sim.
Infelizmente, o antídoto não pode ser vendido na farmácia clandestina ali nos fundos da casa do vizinho. Ele só pode ser produzido por nós. Não há fórmulas certas e nem segredos ocultos a serem desvendados. A cura pode ser facilmente alcançada, basta que as pessoas enxerguem a vida pela perspectiva da sensibilidade e da emoção. Ouso discordar do nosso poeta Renato Russo, o mal do século não é a solidão, mas a eterna insatisfação.

MADAME BOVARY





Gostava do mar apenas pelas suas tempestades e da verdura só quando a encontrava espalhada entre ruínas. Tinha necessidade de tirar de tudo uma espécie de benefício pessoal e rejeitava como inútil o que quer que não contribuísse para a satisfação imediata de um desejo do seu coração - tendo um temperamento mais sentimental do que artístico e interessando-se mais por emoções do que por paisagens.

[Trecho do filme Madame Bovary, adaptação do livro de Gustave Flaubert]

MATURIDADE


Engana-se pensando que é você.
Você é um escultor Rodin, não uma escultura. Devia saber.
A moça que perdeu a juventude sou eu também. E o homem.
Ele me deu o vazio em troca.
Sim, três vezes eu.
A Santíssima Trindade.
A trindade do vazio.

[Trecho do filme Camille Claudel, sobre a obra Maturidade]