sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

AMBIÇÃO


O psicoterapeuta Flávio Gikovate fez uma reflexão sobre as consequências da ambição desmedida, relacionando-a aos níveis de ressentimento guardados pelo ser humano. Quanto mais ressentimento, mais ambição e mais longe estará o alcance da (tão almejada) serenidade. É necessário, portanto, uma ambição comedida.

A idéia é boa. E não é nova. Aliás, o argumento é quase óbvio, digno de uma crônica ululante, dessas que se proliferam em pepê-ésses sentimentalóides e livros de auto ajuda. Apesar disso, é uma reflexão recorrente, tão difícil de colocar em prática quanto à dieta do líquido no meio de um inverno de zero graus.

É que a ambição está para a alma, como a energia está para o corpo. A falta de ambição – a desmedida mesmo – provoca uma das piores ruínas do ser humano: o comodismo. Em contraponto, o excesso de ambição também pode ser desastroso e destruir ad eternum ideais de paz e tranquilidade, até porque um dos efeitos colaterais do vírus ambição se chama frustração.

Certa vez, numa dessas conversas de terapia, um outro psicoterapeuta tão bom (ou melhor) quanto o Flávio Gikovate, me disse que a ambição só funciona quando buscamos objetivos alcançáveis. Esses objetivos sim, no seu âmago, poderiam conter uma ambição desmedida. A encrenca ficaria a cargo da busca por objetivos utópicos alimentados por ilusões mais utópicas ainda.

Confesso que na hora eu não concordei. Por que eu não poderia almejar – se assim eu quisesse – ser a Angelia Jolie e buscar esse objetivo com toda a força desmedida do meu ser? Fez-se silêncio antes da resposta que me convenceu do argumento.

Sucesso, tudo bem... mas Angelia Jolie, ah não, isso era utopia demais.

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