O psicoterapeuta Flávio Gikovate fez uma reflexão sobre as
consequências da ambição desmedida, relacionando-a aos níveis de
ressentimento guardados pelo ser humano. Quanto mais ressentimento,
mais ambição e mais longe estará o alcance da (tão almejada)
serenidade. É necessário, portanto, uma ambição comedida.
A idéia é boa. E não é nova. Aliás, o argumento é quase óbvio,
digno de uma crônica ululante, dessas que se proliferam em
pepê-ésses sentimentalóides e livros de auto ajuda. Apesar
disso, é uma reflexão recorrente, tão difícil de colocar em
prática quanto à dieta do líquido no meio de um inverno de zero
graus.
É que a ambição está para a alma, como a energia está para o
corpo. A falta de ambição – a desmedida mesmo – provoca uma
das piores ruínas do ser humano: o comodismo. Em contraponto, o
excesso de ambição também pode ser desastroso e destruir ad
eternum ideais de paz e tranquilidade, até porque um dos
efeitos colaterais do vírus ambição se chama frustração.
Certa vez, numa dessas conversas de terapia, um outro psicoterapeuta
tão bom (ou melhor) quanto o Flávio Gikovate, me disse que a
ambição só funciona quando buscamos objetivos alcançáveis. Esses
objetivos sim, no seu âmago, poderiam conter uma ambição
desmedida. A encrenca ficaria a cargo da busca por objetivos utópicos
alimentados por ilusões mais utópicas ainda.
Confesso que na hora eu não concordei. Por que eu não poderia
almejar – se assim eu quisesse – ser a Angelia Jolie e buscar
esse objetivo com toda a força desmedida do meu ser? Fez-se silêncio
antes da resposta que me convenceu do argumento.
Sucesso, tudo bem... mas Angelia Jolie, ah não, isso era utopia
demais.
Muito boa Dra!
ResponderExcluir