É certo que os presídios e o sistema de trabalhos forçados não melhoram os delinqüentes, aos quais apenas castigam, mas põem a sociedade a salvo de suas ulteriores tentativas de praticarem danos e provêem à sua própria tranquilidade. O presídio e os trabalhos forçados não fazem mais do que fomentar o ódio, a sede de prazeres proibidos e uma terrível leviandade de espírito no presidiário. Estou convencido de que, com o famoso sistema celular, apenas se obtêm fins falsos, enganosos, aparentes. Esse sistema rouba ao homem a sua energia física, excita-lhe a alma, debilita-a, intimada-a, depois apresenta-nos uma múmia moralmente seca, um meio louco, como obra da correção e do arrependimento.
(Memória da Casa dos Mortos, Dostoiévski)